Materiais que imitam o tecido humano ou que otimizam os efeitos dos remédios no organismo exemplificam a capacidade de diálogo entre universidade, startups e grandes empresas quando o assunto é inovação em saúde em Ribeirão Preto (SP).
Na capital do chope e do agronegócio no interior de São Paulo, que tem se tornado um polo de novas tecnologias e negócios, cresceu nas últimas duas décadas um mercado de referência nacional e internacional voltado para equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos, além de fármacos e biotecnologia. Segmento que tem ganhado investimentos e gera em torno de cinco mil empregos diretos, sobretudo em grandes indústrias em um raio de 70 quilômetros na região, segundo a Fundação Instituto Polo Avançado em Saúde (Fipase).
Uma das marcas do município paulista é ser responsável por 90% da produção nacional de raio-X odontológico, estima Dalton Marques, gerente de desenvolvimento da Fipase. Recentemente, a cidade foi escolhida para abrigar, dentro do campus da USP, a primeira unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Estado, para a produção de novos medicamentos e biotecnologias.
"A história da indústria de saúde remonta a alguns empreendedores na década de 1950, a algumas indústrias de instrumentos médicos hospitalares. Foi crescendo o adensamento da indústria da saúde em Ribeirão Preto e surgiram empresas derivadas. Isso é uma vertente que explica o porque dessa concentração. Outra vertente é a presença da universidade, a cidade tem uma das faculdades de medicina mais antigas do país, um polo de pesquisa, com inovações que façam com que haja surgimento de novas empresas", afirma.
Material imita tecido humano
Essa vocação hoje é corroborada por empresas que surgem dentro de espaços como o Supera, parque tecnológico localizado na zona oeste da cidade, e nas pesquisas desenvolvidas em ambiente acadêmico. Universos que, muitas das vezes, estão em sinergia.
Há 13 anos, um grupo de inovação em instrumentação médica e ultrassom desenvolve, no departamento de Física Médica da USP de Ribeirão, tecnologias que mais tarde poderão se tornar novidades no mercado.
Foi de lá que se desenvolveram os princípios de um tecido que imita a pele humana, também chamado de phantom, e pode ser aplicado, por exemplo, em testes de ultrassom. Ideia que proporcionou aos ex-estudantes de química e física médica da USP, hoje sócios, Michele Ferreira da Costa e Felipe Wilker Grillo a abertura da GPhantom, startup incubada há três anos no Supera Parque.
"A gente participou de um projeto sobre o phantom para desenvolver um simulador. Foi aí que a gente começou a pensar em montar a empresa, participando desse projeto, desenvolvendo um material que mimetiza o tecido humano", explica Michele.
Segundo a empresária, as primeiras pesquisas surgiram no laboratório ainda em 2010. A startup hoje fornece para outras firmas de diferentes partes do país simuladores de mama e de braço, criados para reproduzir interações como cistos e ligações venosas dentro do organismo. Alguns deles já existem no exterior, mas são mais caros, segundo ela.
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